“Place a beehive on my grave and let the honey soak through, when i am dead and gone that's what I want from you. The streets of heaven and gold and sunny, but I'll stick with my plot and a pot of honey. Place a beehive on my grave and let the honey soak through.”

Sue Monk Kidd

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Secura da Vida

Não sei que dizer, nem sequer o que pensar.
A água que tinha perto de mim acabou, e a garganta, sinto-a seca.
Seca está também a minha vontade de escrever, de transmitir num mero papel, histórias da minha vida, do meu dia a dia e pensamentos vagos.
Estou cansado, estou agoniado e sem vontade nem tempo para perder com miseras e insignificantes criaturas que passam pela minha vida, e deixam a sua pequena em tamanho, mas imensa em dor e sofrimento, marca negra. Essas sim, são pessoas secas, pessoas desprezíveis.
Podia nomear-vos aqui uma lista infindável de pessoas assim, mas ai, não teria espaço nem tempo para acabar este texto(que não tenho vontade de escrever), porque as minhas mãos estão secas.
Secas e sem reacção ao tic tac das teclas de um computador, onde agora deposito este pequeno texto, que vou escrevendo à medida que a minha inspiração mo vai permitindo.
Sinto me cansado, sinto me agoniado com tanta secura. Mas não tenho vagar, ou melhor dizendo, paciência para me levantar e por fim a esta secura, que me enche a garganta e me preenche o peito, que tento encher penosamente de ar.
Secura é esta vida, onde vivo e não vivo. Onde não sei se hoje tenho amigos e se amanha, alguém me fechará a porta. Secura, é saber que agora me encontro num sitio onde a chuva não me molha, mas amanha, não sei se encontrarei abrigo e se a chuva me vai molhar. Quem me dera que me molhasse, quem me dera que a chuva fosse esse milagre que tantos anseiam em certas épocas do ano. Quem me dera que a chuva me lavasse a alma, e viesse por fim a esta secura.
Não aguento mais esta agonia na garganta. Tenho que fazer o esforço, tenho que finalizar a preguiça que se instalou em mim, e ir finalmente buscar a água que acabara com este transtorno que me agonia.
Acho melhor parar, simplesmente parar de tentar compreender o que faço ou não de errado. Porque por vezes, acabo por errar e não saber, e não errar e acabar por ceder e pedir desculpa. E isto acabará por tornar seco, o meu pensamento do mundo. E isso é coisa que não quero. 
Não quero perder a visão do mundo, não quero ser consumido pelo erro, pela constante busca pelas explicações que nunca chegarão a vir, nem viver na incerteza de ter ou não deixado de aproveitar a vida, por pensar nesses erros. Isso sim, tornar me à seco. Seco e desprezível como as miseras criaturas que neste texto mencionei.

Acabar com a secura da vida, é não esperar pela água, que não vêm se não nos mover mos. Acabar com a secura da vida é buscar essa agua, que porá fim à agonia, ao cansaço e ao desespero.

Edward Sarmento

1 comentário:

  1. Lindo E como entendi tudo palavra por palavra sentimento esse que te persegue e que eu entendo tão bem. No final até tens a resposta a tudo o que te perturba. Acaba com essa secura pois está tudo nas tuas mãos. Adoro-te meu lindo

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