“Place a beehive on my grave and let the honey soak through, when i am dead and gone that's what I want from you. The streets of heaven and gold and sunny, but I'll stick with my plot and a pot of honey. Place a beehive on my grave and let the honey soak through.”

Sue Monk Kidd

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Veneno Letal

Despoja-te de hipocrisias meu amor,
pois as palavras de desejo por ti antes proferidas,
não passam hoje senão de mortais flechas envenenadas.
Envenenadas sim.
Onde repousa dor, mágoa, sofrimento.

Todo este fingimento foi duradouro.
Puro masoquismo na minha teoria de existência.
Hoje regurgito esse veneno que depositaste em meu corpo,
e devolvo-te num cálice, o suco da morte.

Quero que sofras, quero que chores e que transpires por todos os poros
essa maldade que te consome.
Exorcita-te e liberta-te de exuberâncias falaciosas.
Aprende a amar.

O reverso da medalha está ao virar de cada esquina,
e quando dobrares a próxima, lá me encontrarás
para que o meu nome te ecoe aos ouvidos e te lembre de quem te amou e a quem tu fizeste sofrer, a quem causaste dor e mágoa.

A minha pérola reservou-se novamente no fundo do mar, num abismo tão profundo,
que só o mais puro dos sentimentos a poderá voltar a encontrar e trazer-la à superfície.
Esta pérola, que por ser minha, brilha e ilumina o novo dia que se avizinha.

Não tenho mais senão pena. Pena de ver-te sucumbir como uma cobra,
engasgada com o próprio veneno.
Morre! Morre e abandona-me. Só assim poderei voltar a emergir das profundezas
Onde tu um dia me deixaste . . .


Edward Sarmento

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A rua onde me encontro

A estrada onde passei, não existe.
Onde me encontro, as folhas do Outono, outrora vivo, são bailarinas russas, com pés dançantes ao som do vento.

Na rua onde me encontro, vejo o amor, puro, sem qualquer tipo de fingimento. Duas mãos dadas;oh, uma caricia. E por fim um beijo. Um doce e carinhoso beijo, selando a paixão daquele casal.

Na rua onde me encontro, o cheiro a cigarrilha, daquele senhor de boina, que não conheço, persegue-me o olfacto e, não me deixo de questionar se o tempo é como a cigarrilha. Será? Sim, em certos aspectos que, pretendo não revelar.
Sinto-me angustiado, triste.

Apercebo-me que na rua onde me encontro, o amor do casal alegra-me o coração. Que as folhas são a melodia do adeus, que me embala, que aquela maldita cigarrilha é como o tempo, o tempo da vida. No último sopro, tudo acaba e, a chama antes viva e fogosa, se apaga por fim.

Dou-me conta mais uma vez, que a rua onde me encontro, já não é a mesma de antigamente, porque envelheci, maldita cigarrilha. Envelheci e estou sozinho, escutando a doce melodia das pequenas bailarinas russas, trazidas pelo Outono.

Sou velho, mas na rua onde me encontro, os cheiros intensificam-se. Maldita cigarrilha novamente. Mas ainda bem. Tal como eu, a cigarrilha ainda vive, ainda tem chama. O cheiro da relva mudou. Está fresca. Sinto-a molhada, ainda que não lhe toque.

O tempo, sinto o tic tac da minha vida a palpitar frequentemente. A chama da cigarrilha está por fim a pedecer. Devo ir-me, e recordar-me, da rua onde um dia me encontrei. . .



Edward Sarmento