“Place a beehive on my grave and let the honey soak through, when i am dead and gone that's what I want from you. The streets of heaven and gold and sunny, but I'll stick with my plot and a pot of honey. Place a beehive on my grave and let the honey soak through.”

Sue Monk Kidd

domingo, 21 de junho de 2009

Auto biografia em 5 pequenos capitulos

I
Ando numa rua.
Há um grande buraco no passeio.

Caio no buraco.
Sinto-me perdido...
impotente.
A culpa não é minha.
Uma eternidade até que consiga sair do buraco.

II
Caminho na mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Faço de conta que não o vejo.
Volto a cair no buraco.
Nem quero acreditar que foi no mesmo sítio.
Mas a culpa não é minha.
Vai ser preciso ainda muito tempo para sair do buraco.

III

Ando na mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Vejo-o muito bem.
Mesmo assim, caio...
Tornou-se um hábito!
Sei onde estou.
A culpa é minha.
Saio do buraco imediatamente.

IV
Ando na mesma rua.
Há um grande buraco.
Contorno-o.

V
Sigo por outra rua.

Jeito de Escrever


Não sei que diga.

E a quem o dizer?
Não sei que pense.
Nada jamais soube.

Nem de mim, nem dos outros.
Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...
Seja do que for ou do que fosse.
Não sei que diga, não sei que pense.

Oiço os ralos queixosos, arrastados.
Ralos serão?
Horas da noite.
Noite começada ou adiantada, noite.
Como é bonito escrever!

Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
No tempo vago...
Ele vago e eu sem amparo.
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das horas. Mortas!

E por mais não ter que relatar me cerro.
Expressão antiga, epistolar: me cerro.
Tão grato é o velho, inopinado e novo.
Me cerro!

Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,
solta a outra, de pena expectante.
Uma que agarra, a outra que espera...
Ó ilusão!
E tudo acabou, acaba.
Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?

Silêncio.
Nem pássaros já, noite morta.
Me cerro.
Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e solidão.

Da indiferença.
Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.
Noite vasta e contínua, caminha, caminha.
Alonga-te.
A ribeira acordou.
Irene Lisboa

A vida num Segundo


Basta um simples sopro para que a vida se desfaça como um castelo de cartas
E ás vezes nem sequer fomos nós que soprámos.
Mas não é preciso superar os maus momentos passados,apenas aqueles que nos faltam passar, porque os dias são feitos com o que encontramos pelo caminho, e apesar de termos medo de não saber o que nos espera ao virar de cada esquina, temos de dobrá-la para podermos avançar.
Por isso é melhor confiar em alguém, que partilhe a nossa viagem e que saiba perdoar quando escolhemos um caminho mal asfaltado.
E se alguma vez passares a saida marcada no mapa, terás de escolher entre voltar ao passado ou seguir para um novo destino.
Mas lembra-te que cada passo faz uma marca, e tens de enfrentá-lo.
Porque acredita, as nossas vidas correm por caminhos nos quais se abrem desvios a cada centímetro.
Por isso relaxa e presta atenção porque é aqui e atravéz destes caminhos que começa uma história de vida.