“Place a beehive on my grave and let the honey soak through, when i am dead and gone that's what I want from you. The streets of heaven and gold and sunny, but I'll stick with my plot and a pot of honey. Place a beehive on my grave and let the honey soak through.”

Sue Monk Kidd

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A rua onde me encontro

A estrada onde passei, não existe.
Onde me encontro, as folhas do Outono, outrora vivo, são bailarinas russas, com pés dançantes ao som do vento.

Na rua onde me encontro, vejo o amor, puro, sem qualquer tipo de fingimento. Duas mãos dadas;oh, uma caricia. E por fim um beijo. Um doce e carinhoso beijo, selando a paixão daquele casal.

Na rua onde me encontro, o cheiro a cigarrilha, daquele senhor de boina, que não conheço, persegue-me o olfacto e, não me deixo de questionar se o tempo é como a cigarrilha. Será? Sim, em certos aspectos que, pretendo não revelar.
Sinto-me angustiado, triste.

Apercebo-me que na rua onde me encontro, o amor do casal alegra-me o coração. Que as folhas são a melodia do adeus, que me embala, que aquela maldita cigarrilha é como o tempo, o tempo da vida. No último sopro, tudo acaba e, a chama antes viva e fogosa, se apaga por fim.

Dou-me conta mais uma vez, que a rua onde me encontro, já não é a mesma de antigamente, porque envelheci, maldita cigarrilha. Envelheci e estou sozinho, escutando a doce melodia das pequenas bailarinas russas, trazidas pelo Outono.

Sou velho, mas na rua onde me encontro, os cheiros intensificam-se. Maldita cigarrilha novamente. Mas ainda bem. Tal como eu, a cigarrilha ainda vive, ainda tem chama. O cheiro da relva mudou. Está fresca. Sinto-a molhada, ainda que não lhe toque.

O tempo, sinto o tic tac da minha vida a palpitar frequentemente. A chama da cigarrilha está por fim a pedecer. Devo ir-me, e recordar-me, da rua onde um dia me encontrei. . .



Edward Sarmento

Sem comentários:

Enviar um comentário